Reflexões de um artista

"A função do artista não é sucumbir ao desespero, mais sim encontrar o antídoto para o vazio da existência.” (Gertrude Stein)

sábado, 5 de dezembro de 2015

DESTAQUE NO 14º SALÃO DE ARTES DE GUARULHOS 2015

Salão de Arte tem mais de 80 obras no Adamastor 


Pinturas, esculturas, fotografias e instalações estão entre as 83 obras expostas no 14º Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos, em cartaz no Centro Municipal de Educação Adamastor, até 16 de janeiro. De graça!
“São 34 artistas participantes de 14 estados do País. É uma abrangência inédita para este nosso formato (de Salão)”, revela a gerente-administrativo Maria do Rosário Ferreira de Souza, responsável pela seção de Artes Visuais da Secretaria Municipal de Cultura.
Na mostra, garrafas e pratos ganham nova simbologia. É o caso da instalação Passagens, de Bruno Novaes, que traz dez garrafas de vidro em formatos diferentes. Dentro delas estão passagens de trens de uma viagem à Europa. Os bilhetes trazem desenhos e, entre as garrafas, apenas uma tem em seu interior um pequeno cadeado, que pode remeter, entre tantas coisas, um segredo a ser lançado ao mar.



Já a dupla Suzanne Salvini e Ellyson Lifante trabalha com pintura em pratos, retratando mulheres que, literalmente, perderam a cabeça. A esposa do cangaceiro Lampião aparece em Maria Bonita Temperada com Pimenta Servida com Pamonha e Acarajé. A então rainha da França é apresentada em Maria Antonieta Recheada com Glacê, Acompanhada de Cupcake. E a mitológica Medusa é retratada com arroz à grega.
 “Cada uma destas obras traz um personagens de nossa história de forma bem-humorada e nos faz refletir; afinal, a história de nossa civilização só pode ser contada pela obra de arte”, analisa Maria do Rosário.

Emparede-se
A única representante de Guarulhos no 14º Salão de Arte Contemporânea é a artista Daniele Desierrê, que apresenta a instalação Corpo Parede, Corpo Árvore. A obra foi construída no próprio Adamastor e traz uma estrutura de concreto e armação de madeira, na qual o visitante pode (e deve) sentar-se. Próxima à parede, estão pedaços de troncos de árvores.


Instalação propõe que o visitante "emparede-se"
“Poeticamente, a artista faz uma denúncia de que estamos ficando ‘emparedados’ e, assim, tendo pouco contato com a natureza”, explica Maria do Rosário.
Outra obra construída no Adamastor foi a instalação Gabião, da artista Manuela Costalima. Gabião é uma estrutura de metal preenchida com pedras utilizada na construção civil, por exemplo, para contenção de encostas.  “A artista traz um elemento da engenharia, em seu uso original, para dentro de uma galeria. E esta obra dialoga com a arquitetura do Adamastor, pois foi feita nesta coluna, trazendo um olhar diferente para a arquitetura deste espaço”, informa a responsável pelas Artes Visuais, comentando que a instalação foi montada depois da tragédia em Mariana, Minas Gerais. “É interessante porque o gabião é utilizado para contenção. Isto faz desta obra, hoje, algo curioso para este tempo, porque mexe com a imaginação das pessoas”, sugere.



Uma parte da mostra também traz obras que propõem uma reflexão sobre o consumo excessivo, mostrando, por exemplo, uma mulher representada com cabeça de bolsa de grife; um homem com cabeça de peixe (em alusão à pesca) e um jovem com cabeça de refrigerante de fast-food.
Em outro trabalho, o artista Adel Gonzaga apresenta uma pintura com tíquetes de compras (destes que saem das maquininhas de cartão) e aglutinação de embalagens de chocolates Kinder Ovo. “Elas (as obras) denunciam este consumo exacerbado. Propõem um questionamento mais profundo de nossos dias atuais”, finaliza Maria do Rosário.
Serviço:
14º Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos
Em cartaz até 16 de janeiro, diariamente, das 8h às 23h
Centro Municipal de Educação Adamastor - avenida Monteiro Lobato, 734, Macedo
Grátis


Mostra fica em cartaz até dia 16 de janeiro